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Mostrando postagens de março, 2011

Di dove sei?

O que nos contam na aula de geopolítica é verdade: a Europa está cheia de imigrantes. Para quem estuda ou se interessa por essa relação entre povo, nação e estrangeiros, o continente é um prato cheio. Aqui em Pisa, cada etnia é representada por países específicos e desempenha papeis pré-determinados - sabe Deus por quem. Negros vêm do Senegal ou da Gâmbia (não me pergunte por quê) e cuidam dos carros estacionados nas praças ou vendem todo tipo de acessório aos turistas perto da torre: de guarda-chuva e lenço de papel a miniaturas do edifício pendente. Os asiáticos são representados pela Índia e por Bangadesh. Têm no comércio sua principal atividade, assim como acontece no Reino Unido, onde é comum indianos serem proprietários de lojinhas de suvenires que vendem kilts, cashmere e outros elementos típicos da cultura escocesa (!). Embaixo do prédio onde moramos, uma família de Bangladesh mantém uma lan house com telefones que, imaginem, é a própria Torre de Babel. Contaram-nos q

Mangiare felice

Sim, os italianos comem demais. Exemplo disso é a mensa, o restaurante universitário do país da bota. Ao contrário das tias do RU da UFPR, as funcionárias daqui não economizam no tamanho das porções servidas aos estudantes - muito pelo contrário. Por dois dias seguidos, a moça do caixa brigou comigo porque tinha pegado apenas um kiwi de sobremesa, e não os dois a que tenho direito. Esqueça o arroz, feijão, salada e carne. Na mensa, sempre há ao menos três opções de primo piatto (massas e afins). Só esse prato já dá a quantidade de comida com que estava acostumado no Reino Unido. Na sequência, secondo piatto: uma carne ou algo elaborado com verduras para quem é vegetariano. Mais um pratão. Por último, o contorno, que sempre são batatas, cenouras ou algo que os valha. Isso sem falar na sobremesa: DUAS frutas ou iogurte. Ainda há pão, queijo e manteiga para quem quiser incrementar a já farta bandeja. Se a comida já lhe deixa feliz (que, a propósito, é bem gostosa), ainda há uma máquina de

Carros II

Apesar da mencionada zona que é o trânsito pisano, quem gosta de carro se diverte nas ruas da cidade. E curioso observar a diversidade de automóveis que circulam por aqui. A máquina mais bizarra que eu já vi foi um caminhão em miniatura (!). Com apenas três rodas (!!), ele acomoda só o motorista (!!!), que o dirige com guidões em vez do volante (!!!!). Para que serve um automóvel assim sabe Deus - e olha que as ruas estão cheias dessa geringonça. Os próprios carros são diferentes do Brasil. Chevrolet é Opel, o Twingo sobreviveu e ganhou um novo modelo (bonito) e o Punto possui duas versões mais antigas e uma mais nova que a brasileira. ** O tal filho de caminhão. Vai dizer que não é bizarro?

Carros

Italianos dirigem tão mal que chega a ser engraçado. Algumas cenas, como a que estou vendo neste momento, são patéticas. A mulher de seus 50 anos, de certo temerosa de não conseguir fazer a balisa (num lugar completamente plausível, diga-se de passagem), simplesmente parou o carro na rua, ao lado da vaga. Mas, calma, ela ligou o pisca-alerta! Claro que isso compensa o metro e meio que a bonitona comeu de via. Segundos antes, no mesmo famigerado lugar, um bonitão foi manobrar para sair e bateu no Fiat velhinho parado atrás. Tudo que ele fez foi dar uma olhadinha para se certificar de que ninguém estava vendo (eu estava!) e arrancou. As ruas aqui também não cooperam. Estreitas e em geral sem calçada, elas ajudam a manter alto o número de automóveis com retrovisores quebrados, remendados ou mesmo faltando. ** Custava estacionar no outro lado da rua, onde pode?

'Cause you're hot then you're cold...

Faz frio na Europa, mas só do lado de fora. Tudo que tenha uma porta é aquecido, do museu a metrô. O ponto positivo é o alívio de saber que para escapar do vento gelado da rua é só entrar em qualquer lojinha de suvenir. O lado ruim é o tira-e-põe eterno de casaco, luva e afins. Há duas opções: ou você aceita a temperatura mais alta, tira os acessórios de inverno e se vê obrigado a carregá-los até o fim da exposição ou você ignora o calor repentino e permanece com todas as peças de roupa, ideais para ambientes 15 graus mais frios. É um dilema e tanto. Eu odeio passar calor no frio, então prefiro carregar peso. Mas cada caso é um caso. Bom mesmo é a famosa meia-estação, quando uma jaqueta jeans é a solução de todos nossos dilemas climáticos. ** Às vezes você acha um boneco vestido exatamente como você... Acontece.

Eu, Marx e a moça do celular

Fui a um encontro de comunistas. Tudo começou uns dias antes quando um cara me parou na entrada de um dos campi da faculdade. Começou a falar do caos no Norte da África, o que me interessou. Há mais de um mês mendigando por internet, minha fonte única de informação na Europa, pouco sei sobre o que acontece no Magreb. Ok, deixei meu número de celular com o bróder e fui pra casa. Dois dias depois, uma moça que falava rápido demais me ligou. Enquanto imaginava quem diabos ela era, pesquei um “ Nord-Africa ” entre as palavras enroladas da garota. Tinha quase me esquecido daquilo. Ok, poderia ir até a Piazza dei Cavalieri às 15h. Vamos ver o que eles têm de novo para me contar. Depois de me reunir com o pessoal, fomos para um edifício meio mocado numa das vielas próximas à praça. Logo na recepção, cartazes de Lênin, Marx e seus amigos, assim como frases de resistência ao capitalismo e incitação à luta. Tudo em vermelho, óbvio. Antes do senhor que daria a palestra aparec

Água

A Europa não possui a abundância de água de que o Brasil dispõe, o que se reflete em detalhes do cotidiano. No hostel de Edimburgo, o chuveiro não contava com o tradicional registro para abri-lo. Em seu lugar, um botão, que liberava água durante menos de 20 segundos (!). Quer mais água? Aperte-o novamente e curta mais um terço de minuto de seu banho. A ideia era dar uma passada de água no corpo todo, demorar o tempo que fosse se ensaboando e só liberar água novamente no fim do banho para tirar o sabão. A iniciativa é linda maravilhosa, mas não funcionou comigo. Até tentei ser ecologicamente responsável no começo. Porém, após sentir a brisa fresca dos 3 graus que fazia lá fora, decidir viver com a culpa - e com o incômodo de acionar o maldito botão a cada 20s. Recusei a sacola plástica no mercado mais tarde e ficamos quites, o planeta e eu. ** "Terra, Planeta Água..."

Comes e bebes

A comida na Grã-Bretanha é cara. Se você der sorte de arranjar um hostel com café da manhã, aproveite ao máximo a oportunidade. Para as refeições, a opção mais em conta são as junk foods, que - opa! - nem chegam a ser baratas. Fazendo a conversão, gasta-se praticamente o mesmo num Mc ou Burguer King no Brasil e na Inglaterra. A diferença é que o valor para comida de verdade na ilha da rainha é duas vezes maior que na nossa pátria amada, idolatrada, salve-salve. O mesmo se aplica a bebidas. Na Pizza Hut de Glasgow, gastei £2,10 num copo de Pepsi (mais ou menos R$6!). Como não existe o equivalente a fritas e hambúrgueres líquidos, o jeito é passar sede ou entrar no clima e desembolsar o preço de uma marmita caprichada em Curitiba em uma garrafinha d’água na Trafalgar Square. ** O jeito é comprar a janta no mercado e mantê-la refrigerada na janela do quarto.

Can you feel it?

Cada cidade tem sua atmosfera, sua vibe. Amsterdã é uma quase-capital de país de primeiro mundo, mas guarda um clima de interior, de tranquilidade. Já Londres é outra história. Apesar de bairros mais sossegados, é só transitar pela Victoria Station na hora de pico ou passear no Picadilly Circus à noite que a multidão lhe lembrará de que você está em London, babe. Glasgow era um grande ponto de interrogação. Tinha ouvido comentários sim, todos negativos. Feia, suja e perigosa parecia ser o tripé das principais características da segunda maior cidade do Reino Unido. Pois bem, Glasgow é sensacional. Existe uma vibe cinzenta e industrial, mas qual é o problema? Existe também um calçadão bem no centro onde, a meia quadra de distância, dois jovens tocavam violão e cantavam rock clássico enquanto dois grupos de homens ressoavam tambores e assopravam a lendária gaita de foles. Vestidos, claro, com kilts. Além disso, temos a fantástica catedral gótica, datada do século 12 (!) e, aos f

Nice talking to you

Até há algum tempo eu achava que não, mas descobri que gosto de conversar com pessoas. E hostel é o lugar mais indicado para isso. Em Amsterdã, virei bróder de um grupo de seis portugueses da minha idade. No metrô do aeroporto de Londres para o centro, pedi ajuda a um cara para validar meu ticket na catraca (pois é...). Depois de descermos do primeiro trem na mesma estação e descobrirmos que faríamos conexão para a mesma Victoria Lane, começamos a conversar. Contei o que tinha achado de Amsterdã, os planos para as viagens futuras, o convênio UFPR/Unipi. O legal é falar de tudo isso com um completo desconhecido, com quem você tem certeza de que nunca mais encontrará na vida. Decidi também confiar menos em mapas e mais nas pessoas na rua. Perdi as contas de quantos cidadãos eu parei para pedir informação: desde o gari da Centraal Station que não falava inglês até o idoso perto da casa da Anne Frank que, sabe Deus por que, achou que eu fosse alemão. Tenho até tática. E

Tomar banho

Nunca tinha estado em um hostel antes. A experiência de tomar banho em um de seus cubículos é nova para mim. Logo na primeira tentativa, em Amsterdã, fracasso. Ignorei sem querer os avisos que me imploravam para deixar a cortina dentro do box e o resultado foi minutos de trabalho braçal desnecessário com o esfregão para secar a área. A situação em Londres também não foi nenhuma maravilha. Janela junto ao chuveiro nem pensar, o que dá uma sensação de que a morte por intoxicação por CO está por vir. Ao final do banho, estava com tanto calor que mal consegui vestir minha calça e camiseta - de manga curta! ** O chuveiro, o aquecedor e o CO psicológico

Hello, stranger

Holandês não gosta de papo. Não que sejam carrancudos ou esnobes, eles só preferem cuidar da própria vida ao invés de ficar sabendo da sua. Se bem que, tendo vivido em Curitiba minha vida inteira, estou acostumado com o tipo. Durante um almoço, me senti a própria prostituta de Amsterdã. Mas calma, eu não estava me insinuando seminu aos transeuntes. Comi no Burguer King da Dam, virado para a vidraça. Pude fazer um raio-x superficial de quem passava por lá. Loiros, muitos loiros. Mas, surpreendentemente para mim, muitos negros e asiáticos também. A cidade parece um grande comercial da Benneton. Junto isso a alguns muçulmanos (mulheres com seu lenço devidamente cobrindo a cabeça), outro punhado de judeus... O curioso é que a pessoa é da sua etnia e ponto. Não acontece aquela misturança brasileira de metade alemão, metade negro e metade índio. “Miscigenação” nem deve ter tradução para o holandês. ** Holandeses dão as costas à miscigenação.

Me dá um dinheiro aí

Não existem pedintes, mendigos ou qualquer coisa que o valha em Amsterdã. O mais perto disso são os drogados que precisam dos seus euros para sustentar seu vício (ou o deles...). Por outro lado, as pessoas esperam que você lhes dê dinheiro o tempo todo. No tour de barco que fiz, ouvi que “o capitão ficaria feliz se você lhe demonstrasse como apreciou o passeio”. Ao passar por ele - com um pote cheio de moedinhas e até cédulas - na saída, lhe dei um sorriso. Ora, o homem já deve ganhar mais que o dobro do que eu ganhei em meus subempregos. Na Dam, praça central da cidade, um inglês engraçado atraiu um bando de turistas - eu, inclusive. Ok, seu truque em si foi pífio, mas me rendeu boas risadas. 50 centavos de euro pra ele! ** Inglês ganha a vida contando piadas boas durante um truque ruim.

Estou a dois passos...

Ninguém atravessa fora da faixa em Amsterdã. E por mais que não venha automóvel na rua, ninguém se mexe se o sinal estiver fechado para os pedestres. O trânsito é coisa de primeiro mundo. Transporte público eficiente e pontual, uso massivo de bicicletas e pouquíssimos carros. O lado negativo dessa história toda é a incerteza ao cruzar de uma calçada a outra. De um lado vem um bonde, de outro um carro elétrico varrendo a rua e... ops! Você provavelmente está parado no meio da ciclovia. ** Bicicletas possuem semáforo próprio, até com contagem regressiva.